‘Eu acenderia a luz vermelha da política no Acre’, diz Jorge Viana

Jorge Viana em conversa na redação de Agazeta.net: Feridas com PCdoB ainda não estão saradas (Foto:Agazeta.net0
Com o Acre caminhando para uma das eleições mais acirradas dos últimos 20 anos, com claros sinais de fadiga do poder pela Frente Popular do Acre, o senador Jorge Viana (PT) afirma ser necessário o acionamento da “luz vermelha” na política local. “Eu estou muito preocupado com a situação política, eu acenderia a luz vermelha na política do Acre”, analisa ele. O senador petista visitou na manhã deste sábado a redação de Agazeta.net.


Numa conversa de quase uma hora, ele fez uma leitura do atual cenário político acreano. Criticou a oposição, fez elogios ao pré-candidato a prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, e da atual relação com o principal aliado, o PCdoB, depois das trocas de farpas ente petistas e comunistas com a então candidatura da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB).

Sobre a posição, o ex-governador é enfático: “Continua o mais do mesmo”. “Eles [os adversários] seguem um desconfiando do outro, um não confiando no outro”, fala sobre o possível complô dentro do PSDB para derrubar a candidatura de Tião Bocalom. “A oposição é mais um grupamento de pessoas com o interesse simples e puro de chegar ao poder, e isso é extremamente ruim para o cidadão.”

O senador aproveitou a oportunidade para alfinetar a série de reuniões dos partidos opositores ao Palácio Rio Branco para definir as candidaturas nos municípios. “Fiquei preocupado ao ver que, enquanto as oposições faziam seu primeiro grande encontro em Cruzeiro do Sul, a Polícia Federal realizava a prisão de importantes aliados”, diz ele sobre a prisão de vereadores do PMDB e PP.

Jorge Viana afirma que o resultado das urnas em 2010 faz os oposicionistas só andarem de tênis. “Nós perdemos a eleição [em Rio Branco], mas eles acham que já ganharam a de 2012 e vão vencer a do governo em 2014.”, diz ele que completa: “Enquanto eles vão andar de tênis, nós seguiremos calçando as botinas, para trabalhar muito pelo cidadão.”

“Eu acho que há pessoas boas, qualificadas dentro da oposição. Mas quem dá as cartas não deu demonstração cabal de responsabilidade com o interesse público, com as transformações sociais. Se nem eles confiam uns nos outros, o que dirá o eleitor que está de fora”, pondera.

Por que o PT não cedeu para o PCdoB?

A queda de braço entre PT e PCdoB em torno da candidatura de Perpétua Almeida, afirma Jorge, ainda deixa marcas dentro da Frente Popular do Acre (FPA). “Eu acho que o desgaste foi muito grande para todo mundo. Eu seria hipócrita em dizer que está tudo bem [dentro da FPA], não, não está, mas isso é parte da política”, declara.

A insistência do PT em manter Marcus Alexandre, quando todas as pesquisas apontavam larga vantagem de Perpétua, foi a forma encontrada pelo partido de não deixar transparecer a “toalha jogada” com o resultado de 2010. “Ficaria muito ruim para o PT, para o Angelim, para o governador Tião Viana, nós que não fomos tão bem na última eleição, ai chegar e dizer: ‘Não, o PT não vai ter candidato’’”, observa.

A desistência de disputar a Prefeitura de Rio Branco, continua ele, passaria a impressão de o prefeito Raimundo Angelim e Tião Viana terem desistido. Jorge Viana reconhece que o atual momento é de fragilidade para o PT. Por conta desta situação em particular, não ficaria bom para os petistas cederem para os comunistas. “Até hoje não fizemos uma avaliação correta da eleição de 2010.”

Marcus Alexandre

Sobre o nome de Marcus Alexandre na disputa, Jorge Viana é sucinto: “O Marcus Alexandre não será sombra de ninguém; ele tem identidade própria.” De acordo o senador, o engenheiro chegou ao Acre ainda no final dos anos 1990 para compor a equipe de seu recém-empossado governo. O petista lembra que Alexandre trabalhou com um de seus melhores auxiliares: o ex-secretário Gilberto Siqueira (Planejamento).

Essa convivência com Siqueira, enfatiza, foi essencial para a consolidação do pré-candidato como um gestor capacitado. “O Marcus Alexandre trabalhou com as pessoas mais difíceis, mais exigentes, porém ele nunca perdeu sua identidade. Ele é um conciliador, mas de posições firmes, requisitos fundamentais para um bom governante”, analisa o senador que diz, no momento em que a lei permitir, estará na campanha do diretor do Deracre.